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Manifestações no Brasil são vistas como vandalismo

Polícia Militar de SP (Veronica Manevy/CartaCapital).

Talvez eu não diga nada de novo em relação ao que vem acontecendo no Brasil nos últimos dias, contra tarifas e gastos exagerados, contra a truculência e a intolerância, contra o preconceito e os conceitos generalizantes, especialmente sobre São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília. Mas, pelo menos quero tentar...

Não é de hoje que manifestações são vistas como VANDALISMO. Mas as repressões sempre foram duras por parte daqueles que tem o poder nas mãos. Não é de hoje também que nossos governantes vêm usando a força para manter a ordem. Mas que ordem? 

Quando os professores protestam por melhores salários e condições de trabalho, vira e mexe, são agredidos pelos paladinos da lei e anunciados na TV e jornais como como chorões e revoltados. Quando outros (as vezes parte dos mesmos, porque não) reclamam de tarifas abusivas cobradas pelos meios transportes, como a que começou no Theatro Municipal em São Paulo - pagas por uma população que tem que andar de ônibus, vários deles por mês, em uma cidade gigante -, são igualmente repelidos. Pode até ser que eu não viva em uma cidade de grande porte, mas já morei e moro em algumas com transporte público igualmente ruim e com preços abusivos. Se isso não ajuda a me fazer solidário ao que reivindicam, então não sei mais o que dizer e é melhor seguir a conversa. 

Protestos em Brasília nesse fim de semana, por sua vez, são contra os gastos com as Copas no Brasil: a das Confederações e Mundial de Futebol. É só pensarmos que os professores (e outros profissionais) ganham muito mal e têm um ambiente de trabalho que não lhe oferece as condições adequadas e logo concordarão com a discórdia. Afinal, tem os nossos governos como gastar cifras astronômicas com um evento passageiro e ficam dando desculpas para reduzir salários e turmas em escolas, demitir professores, fechar escolas... tudo com o intuito de reduzir gastos e enxugar os orçamentos. 

E depois, se reclamamos, nos incluem no saco dos BADERNEIROS. Isso em meio à palavras como "temos que manter o estado democrático" e "a polícia só faz o papel dela", "estamos mantendo a ORDEM, para continuarmos a trilha do PROGRESSO". Agora, se me perguntarem, "temos que protestar?", minha resposta será SIM!

Em outros tempos os reis tinham a complacência da população quando usavam a truculência de seus soldados para conter os movimentos populares, por gozarem da qualidade de "quase deuses". Hoje isso já não é mais possível. Aliás, desde pelo menos as revoluções americana e francesa, grupos considerados genericamente como "massa" vem se revoltando. E se a burguesia usava o povo como escudo e linha de frente, hoje já se separa e por vezes se encontra no meio dos enfrentamentos.

O que é grave nisso tudo é que a maioria da população fora desses centros, ou mesmo os que de alguma forma estão alheios aos eventos, se alimentam de informações da grande mídia, que por não querer, ou não poder, dar uma explicação realmente válida, preferem taxar os manifestantes, todos eles, sem distinção, como VÂNDALOS e BADERNEIROS. Como se todos os manifestantes quisessem depredar o patrimônio, pelo menos nominalmente "público"; como se todos e todas agredissem pessoas ou quebrassem coisas.

Sinceramente, sou o último a querer manifestações violentas. Me desculpem que segue essa via. Mas o difícil aí é saber também quem começou. E quem diga que começou. O certo mesmo é que isso não é desculpe para o abuso de poder polícia, a truculência desmedida e o uso da vantagem no enfrentamento usados.

Além do mais, os nossos governantes ou ficam mornos, como num estado vegetativo, ou declaram sua aversão aos manifestantes. Deixando à polícia a tarefa de conter os "rebeldes". Aliás, no caso de São Paulo, o governador e o prefeito já disseram que não vão baixar as tarifas, que tem a mais cara tarifa do Brasil, com R$ 3,20 (Infográfico Terra). Sabe-se que algumas cidades, que nem são capitais, já tem uma tarifa nesse valor de 3,20 e que outras também já planejam aumentar ao redor do Brasil, como no caso de Dourados, Mato Grosso do Sul, onde a coisa, que há não é boa, pode ficar ainda mais desastrosa, pois o aumentou elevaria a passagem para 3,28. 

E a menos que o povo seja ouvido, parece que muitos tem acordado e deixado de acreditar que o tempo tudo resolve, sem abrir a boca, seguem as manifestações. Sinceramente, de minha parte, não espero que exista PASSES LIVRES ou democracias infalíveis (se é que essa palavra seja aplicável mesmo em nossas ou quaisquer outras sociedades), liberais ou não. Mas o que não podemos é nos calar ou sermos calados a força!

Praça do Patriarca, centro da cidade de São Paulo 
(Veronica Manevy/CartaCapital)

Algumas notícias que acho que vale a pena ler:




http://www.cartacapital.com.br/politica/alckmin-rejeita-reducao-da-tarifa-do-transporte-1417.html

http://noticias.r7.com/sao-paulo/manifestacao-sera-maior-e-mais-forte-diz-militante-do-movimento-passe-livre-sobre-protesto-de-segunda-feira-14062013

http://blogdosakamoto.blogosfera.uol.com.br/2013/06/14/editorial-do-blog-chegou-a-hora-do-basta/?fb_action_types=og.recommends&fb_source=other_multiline

http://noticias.r7.com/internacional/manifestacoes-sao-organizadas-na-europa-em-apoio-aos-protestos-no-brasil-14062013

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