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O maravilhoso mundo da barba!





Há uns 6 anos resolvi deixar a barba crescer, para ver no que ia dar e também porque cansei de me marcar com giletes (risos). Nesse tempo vi muitos amigos e gente famosa aderindo a moda, mesmo que por alguns momentos. Assim, entre apreciações e preconceitos acho que vale uma postagem a respeito.

Já repararam em uma coisa: até pouco tempo atrás os barbudos sofriam bullying. Se a barba crescesse logo alguém ia achar que era por preguiça ou "falta de gilete em casa". Eramos chamados Rauls Seixas, "e ai Raul, beleza?", - como se fosse algum xingamento isso também -, ou Matusaléns, ou seja, avós de Noé, mais velhos que a arca! Minha mãe mesmo quando me viu pela primeira vez de barba disse "filho, como você envelheceu!". 

Se dermos uma olhada, ao longo da história notaremos e anotaremos lugares em que as barbas representavam poder e muitas barbas que fizeram fama. É o caso mais simbólico, ao menos pra mim, do rei Frederico, Barba Ruiva (ou Barba Roxa em algumas traduções). Aliás, no campo das lendas e mitos, temos o também famoso pirata Barba Ruiva e por coincidência no Brasil uma figura folclórica de mesmo nome. 

Frederico I, Barba Ruiva e o seu filho numa 
miniatura da Crônica dos Guelfos (século XIII)

De maneira polêmica, durante a Idade Média, a barba sinalizou a separação ocorrida na Igreja Cristã com a realização do Cisma do Oriente, onde muitos clérigos católicos do Ocidente eram aconselhados a fazerem a barba para que não parecessem com integrantes da Igreja Ortodoxa ou até mesmo com os costumeiramente barbudos judeus ou muçulmanos. Já no início desse período, o uso dos bigodes também gerava bastante polêmica entre os cristãos medievais por estes serem ostentados pelas hordas germânicas que invadiam o decadente Império Romano do Ocidente ou dos árabes que destruíram séculos depois o sonho de conquista da Terra Santa e também o Império Bizantino.

Mas avancemos, pois exemplos não faltam. Já nos séculos XIX e XX, as barbas e bigodes passaram por momentos de alternância e re-significações diferentes, dependendo da década e do lugar escolhido. No início do século XX os bigodes, por exemplo, ainda eram moda entre muitos aristocratas europeus, depois perdendo espaço; já as barbas passaram a ser uma identificação quase que obrigatória de quem aderisse de alguma forma às ideias de Karl Marx e Engels, enfim, do que surgiu a partir deles, o Marxismo. Apesar de haver algumas mudanças, até hoje os cursos de Humanas nas universidades têm esse estigma dos "barbudos comunistas" (ou anarquistas).

Karl Marx em caricatura recente

De qualquer forma, hoje nós barbudos somos considerados, por uma porção de gente pelo menos, mais "moderninhos", mais cults, sendo referidos aos Los Hermanos ou outros grupos considerados descolados (e mesmo intelectualizados). Somos por vezes ligados aos hipsters ou movimentos mais dinâmicos atuais - se é que existe coisa mais dinâmica e excêntrica que um hipster.

Camelo e Amarante, Los Hermanos, no SWU 2010

Muitos famosos aderiram ao clã dos beardeds, como Robert Downey Jr (o Homem de Ferro), Justin TimberlakeGeorge Clooney. Além de pessoas ligadas à música, como o vocalista do Memphis May Fire, Matty Mullins, com sua barba rala, e Dallas Taylor, vocal do Maylene and the Sons of Disaster, com sua suntuosa barba. 

Enfim, mesmo que alguns apontem para uma crise no surto recente de barbas sem fazer, há quem diga também que as empresas de giletes de barbear vem perdendo dinheiro nos últimos anos e existe até uma página no Facebook em defesa dos barbudos, intitulada Faça amor não faça barba (Make Love Not Beard).

Dica de livro: Allan Peterkin: Mil barbas – A história cultural dos pelos faciais (Thousand Beards – A Cultural History of Facial Hair) . Editora Globo.



* As imagens dessa postagem ou são de divulgação ou livres de direitos autorais - exceto a foto da banda Los Hermanos, de autoria de Roberto Setton/UOL.

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