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Papo de professor: bibliotecas escolares




Que as bibliotecas estão sofrendo a concorrência com os materiais digitais ninguém mais nega. Mas, será mesmo que são dispensáveis no mundo informatizado de hoje? Creio que os problemas são bem outros.

Nessa postagem não farei citações, como fiz nas demais da série (de qualquer forma segue uma lista de sugestões no final). O que quero aqui é fazer algumas reflexões e provocações que creio que sejam igualmente úteis aos professores e administradores escolares.

Há algum tempo venho acumulando decepções com a situação das bibliotecas escolares. Alguém pode então dizer que o Brasil tem outros tantos problemas maiores que esse no momento, mas temos que ter uma visão particular dos casos e nesse em especial diz respeito a como os alunos de escolas públicas têm acesso ao conhecimento

Já vi projetos de amigos próximos que se esforçam para proporcionar um espaço organizado e funcional em suas bibliotecas, se prontificando para organizá-las e cedendo seu tempo para mantê-las acessíveis ao menos em alguns períodos. Mas o que vejo também na maioria das escolas onde passei e passo é um certo descaso e mesmo impotência, em parte pela impossibilidade da escola mantê-las abertas, o que é resultado da despreocupação do governo estadual de Santa Catarina (rede que leciono desde 2012) que não tem alguém exclusivamente para essa função - em alguns casos apenas fazendo uso de funcionários readaptados nesses espaços. Quando não se pode ter esses tipos de funcionários à disposição, as bibliotecas ficam fechadas!



Um dos resultados disso é que continuamos na dependência dos livros didáticos, que se mostram indispensáveis diante da impossibilidade dos alunos usarem as bibliotecas sem um agendamento do professor da turma. Mas quando um aluno interessado (é, eles existem!) precisa de materiais diferentes e os busca, não pode porque não tem quem faça o registro e controle dos empréstimos.

Alguém logo lembrará, "ah, mas hoje em dia o acesso ao conhecimento é muito fácil com a internet!". Mas e quem não tem internet em casa? Às vezes nem computador! Não creio que eu seja o único que prefere ler no papel. E me recuso a pensar que não há público para as bibliotecas escolares! 

O que falta é um espaço receptivo, aberto quando se precisa, com alguém disponível, e com materiais atrativos. Atrativo aqui não é só estar recheado de novos lançamentos "modinha", mas um espaço que não seja pedante e enfadonho. Um espaço que você entra e logo começa a sentir sono não atrai, pois em muitos casos é só mais um lugar onde os alunos não fazem nada além de copiar textos, onde não há nenhum apoio, nenhum evento planejado para provocar a curiosidade e a sua capacidade criativa. 

O que se tem na maioria dos casos são espaços onde os alunos ficam perdidos num emaranhado de livros (sem falar em outros materiais sem outro destino que não a biblioteca); espaços que sem orientação lhes parece coisa de velhos e gentes desocupadas que escrevem sem parar só para encherem estantes.

Deixo então algumas questões para refletirmos. O que se pode fazer com poucos recursos e com o descaso governamental que não tem partido? O que se pode propor de novo quando não têm-se o apoio necessário? E qual o tempo que temos para elaborar aulas atrativas que envolvam as bibliotecas? E se nos juntarmos para algum tipo de luta, o que iremos exigir do governo?  O que cabe então aos diretores e administradores escolares nessa busca por mudanças?

Por fim, não sejamos iludidos, sejamos realistas. Mas o que a realidade das nossas escolas nos possibilita fazer??

Dica de livro:
 livro Formação do Brasil Contemporâneo caio prado
Formação do Brasil Contemporâneo
Colônia (Nova Ortografia)
de Caio Prado Jr.
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Leituras sugeridas:


* originalmente postado em 13/maio/2015.

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