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SÉRIE: O que é Dinheiro?



Muita gente já deve ter se perguntado: o que é dinheiro? de onde ele veio? Por que usamos? São perguntas que dão muito o que falar. 

Por isso queremos fazer uma pequena viagem em série sobre essa coisa que move tanta gente e que muitos não vivem sem. 

Onde surgiu?

Existem vários livros que falam sobre o significado do dinheiro e como ele surgiu, mas aqui criaremos um panorama, que sabemos ser incompleto, esperando assim mesmo que seja ao menos didático. 

Voltemos ao que muitos chamam de "humanidade moderna", por volta de 50 mil anos atrás. 

Nesse momento, a humanidade, como muitos devem saber, começa com a coleta de alimento, seguindo para a caça e a pesca, que segue finalmente para a agricultura (cerca de 10 a 12 mil anos atrás). Até aí não havia dinheiro e nem era preciso, pois os humanos trabalhavam para se suprir e ponto. 

Mas logo as coisas se complicam, um pouco, quando algumas comunidades passam a produzir mais do que consomem e sentem a necessidade de conseguir coisas que não produzem. Ao entrarem em contato com outras comunidades que o produziam, começam as primeiras formas de troca. É o momento do produto ou bem como padrão de referência.

Mas as coisas não ficam estacionárias, pois vem nova complexificação, seguindo-se à moeda-mercadoria e o escambo, onde o preço é relativo. Daí para a moeda símbolo foi questão de tempo, pois havia a necessidade de criar um algo que significasse valor e que pudesse ser trocado por uma mercadoria depois onde esse algo fosse aceito.

Até onde se sabe, seria no quinto milênio a.C. que os Sumérios introduziriam um cálculo baseado em valores de referência constantes, ou seja, iniciando a era da moeda. Mas até aí e mesmo depois muitas coisas foram usadas com essa finalidade, como cabeças de gado (pecus), conchas, ouro, madeira, escravos e por aí vai...

Tudo isso costuma ser jogado no que chamamos de pré-história ou na transição para os períodos posteriores. E se continuarmos com essas classificações temporais teremos o seguinte:

Idade Antiga - nessa época o dinheiro é complementar, pois as sociedades ditas civilizadas (Grécia e Roma especialmente) terão muito a dever ainda ao campo, onde o trabalho era baseado na escravidão e formas plebeias de conseguir satisfazer suas necessidades - o cidadão, o que não trabalha, que se dedica às artes, à guerra ou a política (por vezes ao mesmo tempo) vai ter número reduzido.

Idade Média - quando os bárbaros invadem e desfazem o império Romano (pelo menos o Ocidental), já estava em curso um movimento de êxodo das cidades para o campo, sendo que voltam a dominar as formas de escambo e pagamento em mercadoria (mas não só), pelo que se produz o para ter o direito de produzir (talhas, corveias, banalidades, entre outras formas de pagamento).

Idade Moderna - quando a modernidade vier, trará consigo (e por ele será moldada) o capitalismo, que faz "ressurgir" as cidades, ampliando-se o comércio (que não desapareceu completamente no período anterior) e o intercâmbio de mercadorias e gentes ao redor do mundo, no que a gente poderia chamar de "primeira globalização".

Idade Contemporânea - as as transformações não pararam e logo vieram tempos em que direitos civis, a busca pela "democratização" da política e a afirmação final do capitalismo, trarão cada vez mais complexificação ao sistema econômico ou sistemas que passam a buscar espaço. É o momento dos nacionalismos, das revoluções burguesas, das constituições patrióticas e outras coisinhas que estarão ligadas ao mercado, de uma forma ou de outra.

Essa contemporaneidade nunca tem fim - nós ainda vivemos nela -, assim como não tem fim a afirmação do dinheiro que toma a forma de meio de pagamento ou de crédito (esse último cada vez mais presente nas vidas dos terráqueos).

Dracma de prata ateniense, com a efígie da coruja, animal associado à deusa Atena e personificação da sabedoria.  

Por que usamos dinheiro?

Se tomarmos as sociedades que o adotaram, veremos que antes de ser um símbolo de valor, o que os humanos faziam era buscar a satisfação de necessidades diretas. Mas vai aumentando com o tempo o que chamamos de divisão do trabalho, onde "cada um fica no seu quadrado", incluindo a separação entre trabalho manual e intelectual, ofícios religiosos e o exercício do poder.

Nisso teremos também a separação entre produção e consumo, por isso ganhando importância um sistema que não requeresse a troca direta, que daria muito trabalho para ser organizada e limitava o comércio. Comércio, aliás, vem antes de dinheiro - que a princípio é feito de algum metal precioso e padronizado (ouro e prata especialmente).

Tempos depois o dinheiro deixa de ser feito de metal precioso. E se o que estava na moda desde a Revolução Industrial inglesa era o tal do liberalismo econômico e sua "concorrência pura", veremos que desde fins do século XIX as nações veem cada vez uma maior participação do Estado na economia e o surgimento e afirmação do capital financeiro. Veem ganhar espaço um dinheiro que não existe ou não se baseia propriamente na produção. 

Nas próximas postagens sobre o assunto, procuraremos falar sobre capitalismo x socialismo, liberalismo x planejamento e outras coisas mais envolvendo dinheiro e formas alternativas de produção e consumo. Aguardem!

A série:



Essa série de textos que começamos aqui surgiu a partir da leitura do livro Introdução À Economia, embora não concordemos com os autores em todos os pontos, como verão nas postagens seguintes.


Clique aqui!

Outros livros que usaremos, mesmo que não citemos diretamente, sobre história do dinheiro e econômica e dinheiro são:

A Idade Média e o DinheiroJacques Le Goff
- História Econômica do Brasil, Caio Prado Jr.
História Econômica GeralAlexandre Macchione Saes & Flávio Azevedo Marques de Saes
- O Capitalismo É Sustentável?Bernard Perret
- O Capital no Século XXIThomas Piketty
DINHEIRO História, Mitos & CrençasClene Salles (E-book)

Não deixem de assistir à nossa micro-biografia de Eva Perón clique para ir!

 micro-bios eva perón

* Postado em 14/out/2016.

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